quinta-feira, 8 de junho de 2017

Nosso encontro

Tão breve costumam ser os momentos mais intensos
Falo não só do arrepio na pele sob o toque das mãos...
Desde então não são as mesmas horas passando,
nem os mesmos caminhos no meu chão.

A pele é fronteira que não separa o encontro de almas
No encontro de olhos é possível a aproximação verídica
No arrepio em silêncio a confirmação do que não é inverossímil
E nosso movimento é uma arte achando certeza em reticências.

Seja o peso da mão que amacia a pele suada,
o som da voz em sussurros flamejantes
ou a dança de movimentos marcando o espaço...
Somos quadro pedindo tinta fixa
ou talvez outra forma de abraço.

O mundo anda panofóbico, um caos!
E o meu mundo, que cabia tanta solidão
é agora preenchido de uma força centrípeta
que depois de algo súbito ficou e mudou o passar das horas.

É que "quases" não costumam ter chão, não são firmes
Como é translúcido o nosso encontro!
Estando em ti noto-me em braços fortes,
não que as pernas não cheguem a tremer...
O futuro não é preciso.

É como dançar  na mesa em falso,
mesmo sabendo voar.






segunda-feira, 5 de junho de 2017

Luz e sombra de mim

Com sabor de incerta leveza
Sou melancólica
Como o despertar de não se sentir em festa,
mesmo estando em uma.
Porque sou luz e sombra de mim

Me dou o direito de não me sentir
onde de fato não estou.
É meu direito estar em silêncio
Ainda que me encontre em comunicação.

Naquele espelho já fui fuga de mim
Em retratos e poesias busquei ficar,
o que em partes, nunca foi possível.
Nos olhos sim fiquei, mesmo indo.

Olhos dizem o que não cabe no papel
Nos meus tenho universos explodidos
Em cada troca sou potência de contato com o mundo

Troca de palavras impactam
Mas não o quanto olhos o fazem
Troca de suor é ficar na pele
Não o quanto os olhos fixam
Dentro do calar melancólico
Cabe ainda o barulho do olhar
Que se organiza em melodias não escutadas

Keya Souza