terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O ventre que nos tem

Aquela mulher está cansada
acelerou-se no tempo
Poucos ouviram seus lamentos
Disseram que era tempo dela
"aguente agora as consequências dessa guerra"

Ocupadas horas impostas pelo trampo
não a permitiam o choro,
cabia nenhum pranto
O olhar dos que chegavam
julgava erros na expressão
Era tão séria...
nem mesmo o canto era conforto
Nada de compreensão pra essa bela

Mulher agora é forte,
não cabe pranto
Tem que ter brio
Pra que brigou?

Chorar no banheiro pode
Mas não demora, relógios chamam,
cantam as horas.
Cansa não... mulher é forte!
Aguenta desde psiu até...
onde já se viu?
Tem que bater o pé!
É pra ter brio.

Mulher agora é garra
Não cabe espanto, não cabe choro
Tem que ser força,
conseguir na marra?

A mulher está doente,
usou o coração
para trabalhar em meio ao maquinário
Mas dizem estar agindo feito louca
Dizem até que é falta de lavagem de louça
Oxe, respeita a moça!

A sociedade está louca
Está agora de licença
Trabalhou até suar a touca
autosabor de sabotamento
Está com fibromialgia... Olha o tormento!
Acredita-se pouco na cura desta adoecida
que leva pancadas na cabeça
pra não ficar adormecida

A mulher sociedade está a parir dor embrutecida
onde mal cabe saudade ou outros sinais de vida
Está a partir aos poucos abortando ideias
Se alimentando pouco.
Bebendo atrocidade por uns reais
mas vez ou outra melhora,
em alguma dor esquecida
Sorri e foge pras colinas, em poesia

Deixa de ser autentica
E vive ideias repetidas
A social idade nunca foi atual
Atua pra acontecer no jornal
Faz de notícias velhas novas feridas.

Batalha-dor-a sociedade
Batalha aquela mulher por sua vontade
É livre ação e abraço
É livre busca por liberdade
É skate e salto
Respeite esse espaço.




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