quarta-feira, 15 de julho de 2015

Amor entre barulhos

Nascemos desconhecidos, aprendemos que somos capazes de andar, seguimos passo após passo. Na infância os dias passam devagar, como se a vida adulta morasse em outra história. Mas quando chega a adolescência, quando nos damos conta de que a infância está indo embora... Um tanto astutos e as vezes meio desesperados, começamos a nos procurar. Chegam dias e noites cada vez mais presentes e cada vez mais de perto conseguimos nos sentir. Sentimos então o quanto somos felizes, o quanto somos tristes, o quanto de nós alcançamos e o quanto de nós deixamos no passado. E o passado cada vez mais vestido do que passamos a ser, fica em silêncio e as vezes grita quando se sente somado ao que construímos. E é quando buscamos numa daça (ninguém está olhando), quando sorrimos aos que nos rodeiam, quando abraçamos, quando reencontramos um amigo e conversamos durante horas... Nesses momentos somos o que viemos buscando desde sempre. Entre responsabilidades estabelecidas, entre barulhos do trânsito, noticiários, em meio ao "fetichismo do capitalismo" (diria Marx), e tantas outras máscaras que nos "forçamos" a vestir, no cotidiano, só pra nos dizermos FELIZES, nos esquecendo de detalhes que nos fazem bem. Tão simples seria não ligar ou diminuir as horas em frente a TV, desejar bom dia, abraçar amigos, sorrir de ida e de volta, esclarecer mal entendidos, explicar o que já está bem entendido (olhos nos olhos), buscar as próprias opiniões, respeitar e entender que o outro também tem as suas... Tenho a impressão de que de tanto olharmos o celular enxergamos cada vez mais o próprio nariz. O tempo está correndo e não quero perde-lo arrumando papeis. Quero encontrar tempo onde não tem: Dando meus passos tranquilos em meio as pessoas, perder-me em abraços, cantar pra ver se os males se espantam mesmo (rs). Nisto e em tanto mais está o amor, está o que tivemos quando tudo parecia leve.
Percebo o bem estar na poesia, em perfumes de jardins, em conversas sobre o pensar, em calçadas e praças, nos bons livros, na sobremesa (especialmente quando vem antes do almoço), no amor pelo que faz, prosa com estranhos... O amor está aí.

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